ROMANTISMO NO BRASIL: A POESIA DE GONÇALVES DIAS E DE
ÁLVARES DE AZEVEDO
QUESTÕES
01.Evidenciam-se a seguir
alguns fragmentos extraídos do poema de Álvares de Azevedo intitulado
“Lembrança de Morrer”. Assim, após uma leitura atenta, procure nele evidenciar
algumas características da época romântica, sobretudo aquelas pertencentes à
segunda geração, e expressá-las exemplificando por meio dos próprios versos:
LEMBRANÇA
DE MORRER
No
more! O never more!
SHELLEY
Quando
em meu peito rebentar-se a fibra,
Que
o espírito enlaça à dor vivente,
Não
derramem por mim nem uma lágrima
Em
pálpebra demente.
E
nem desfolhem na matéria impura
A
flor do vale que adormece ao vento:
Não
quero que uma nota de alegria
Se
cale por meu triste passamento.
Eu
deixo a vida como deixa o tédio
Do
deserto o poento caminheiro...
Como
as horas de um longo pesadelo
Que
se desfaz ao dobre de um sineiro...
Como
o desterro de minh’alma errante,
Onde
fogo insensato a consumia,
Só
levo uma saudade — é desses tempos
Que
amorosa ilusão embelecia.
Só
levo uma saudade — e dessas sombras
Que
eu sentia velar nas noites minhas...
E
de ti, ó minha mãe! pobre coitada
Que
por minhas tristezas te definhas!
02.
Em relação ao Romantismo, pode-se afirmar que:
I
–O poeta romântico deixa-se arrebatar pelo conflito entre o mundo imaginário e
o real, expresso num sentimentalismo acentuado.
II
–Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Fagundes Varela e Gonçalves de
Magalhães pertencem à segunda geração romântica.
III
–O ilogismo leva o autor romântico a instabilidades emocionais que são
traduzidas em atitudes contraditórias: entusiasmo e depressão, alegria e
tristeza.
Estão
corretas as afirmativas:
a- Apenas I e III.
b- I, II e III.
c- Apenas II.
d- Apenas I e II.
e- Apenas III.
03.
Informe se são todas características da primeira geração do
Romantismo brasileiro, exceto:
a)
( ) valorização do elemento indígena, visto como herói nacional.
b)
( ) exagero pelo subjetivismo e emocionalismo.
c)
( ) regionalismo.
d)
( ) fuga da realidade.
04.
Leia atentamente e responda:
Canção
do exílio
Minha
terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá;
As
aves, que aqui gorjeiam,
Não
gorjeiam como lá.
Nosso
céu tem mais estrelas,
Nossas
várzeas têm mais flores,
Nossos
bosques têm mais vida,
Nossa
vida mais amores.
Em
cismar, sozinho, à noite,
Mais
prazer eu encontro lá;
Minha
terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
Minha
terra tem primores,
Que
tais não encontro eu cá;
Em
cismar – sozinho, à noite –
Mais
prazer eu encontro lá;
Minha
terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
Não
permita Deus que eu morra,
Sem
que eu volte para lá;
Sem
que desfrute os primores
Que
não encontro por cá;
Sem
qu'inda aviste as palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
Gonçalves
Dias
De
acordo com as características da primeira geração romântica e do poema de
Gonçalves Dias, julgue os itens em verdadeiro ou falso:
a)
( ) O poema de Gonçalves Dias é ufanista, ou seja, expressa um orgulho
exagerado pela pátria.
b)
( ) A primeira geração romântica expressa um culto à figura do índio e a
exaltação da natureza.
c)
( ) A primeira fase do romantismo brasileiro foi caracterizada por uma atitude
individualista ou subjetiva, quando predominou a temática pessimista.
d)
( ) O poema de Gonçalves Dias mostra uma valorização da pátria, característica
da fase condoreira na qual se insere.
e)
( ) É possível notar no poema a presença da religiosidade, que é característica
da primeira fase romântica.
05. O processo de formação da literatura
brasileira, como adaptação da palavra culta do Ocidente, que precisou assumir
novos matizes, desenvolveu-se para descrever e transfigurar a realidade nova.
Do seu lado, a sociedade nascente desenvolveu sentimentos diversos e novas
maneiras de ver o mundo, que resultaram em uma variante original da literatura
portuguesa.
A história da literatura brasileira é, em
grande parte, a história de uma imposição cultural que foi, aos poucos, gerando
uma expressão literária diferente, embora em correlação estreita com os centros
civilizadores da Europa.
Antonio Candido. Iniciação à literatura
brasileira. São
Paulo: Humanitas, 1999, p. 13 (com
adaptações)
Com base no trecho acima, no qual Antonio
Candido expõe a lógica histórico-literária segundo a qual se desenvolveu a literatura
brasileira, e na dinâmica dos períodos literários brasileiros, julgue o item a
seguir. Certa ou errada?
( ) No Romantismo, o esforço em se realizar
uma literatura brasileira diferente da produzida nos centros culturais europeus
atingiu seu ápice, quando a ideia da cor local se tornou verdadeira obsessão
dos autores e foi colocada em prática, por exemplo, nas manifestações da prosa
indianista e regionalista.
06 Assinale a característica não-aplicável à
poesia romântica e justifique sua resposta
a) artista goza de liberdade na metrificação
e na distribuição rítmica.
b) importante é o culto da forma, a arte pela
arte.
c) a poesia é primordialmente pessoal,
intimista e amorosa.
d) enfatiza-se a auto-expressão, o
subjetivismo, o individualismo.
e) a linguagem do poeta é a mesma do povo:
simples, espontânea.
07. Assinale a alternativa falsa:
a) Romantismo, como estilo, não é modelado
pela individualidade do autor; a forma predomina sempre sobre o conteúdo.
b) Romantismo é um movimento de expressão
universal, inspirado nos modelos medievais e unificado pela prevalência de
características comuns a todos os escritores da época.
c) Romantismo, como estilo de época,
consistiu basicamente num fenômeno estético-literário desenvolvido em oposição
ao intelectualismo e à tradição racionalista e clássica do século XVIII.
d) Romantismo, ou melhor, o espírito
romântico, pode ser sintetizado numa única qualidade: a imaginação. Pode-se
creditar à imaginação a capacidade extraordinária dos românticos de criarem
mundos imaginários.
e) Romantismo caracterizou-se por um complexo
de características, como o subjetivismo, o ilogismo, o senso de mistério, o
exagero, o culto da natureza e o escapismo.
8. O próprio Romantismo produziu uma
literatura em desacordo com certas tônicas do movimento. Através da ironia,
autores românticos revelam irreverência muitas vezes feroz.
Assinale a opção em que o autor se mantém
dentro dos preceitos mais conhecidos da escola romântica, tais como a
glorificação do ideal e do sublime e o desapego ao mundo material:
a) “Dos prazeres do amor as primícias,/ De
meu pai entre os braços gozei;/ E de amor as extremas delícias/ Deu-me um
filho, que dele gerei.” (Bernardo Guimarães)
b) “Como dormia! Que profundo sono!…/ tinha
na mão o ferro do engomado…/ Como roncava maviosa e pura!…/ Quase caí na rua
desmaiado!” (Álvares de Azevedo)
c) “(Damas da nobreza) – Não precisa aprendê/
Quem tem pretos p’herdá/ e escravidão p’escrevê;/ Basta tê/ Burra d’ouro e
casá.” (Sousândrade)
d) “Porque Deus pôs em meu peito/ Um tesouro
de harmonia:/ Deu-me a sina de seus anjos,/ Deu-me o dom da poesia.’ (Junqueira
Freire)
e) “Nem há de negá-lo – não há doce lira/ Nem
sangue de poeta ou alma virgem/ Que valha o talismã que no oiro vibra!”
(Álvares de Azevedo)
9. (U.FORTALEZA)
“Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro.”
Os versos acima exemplificam:
a) a utilização de metáforas grandiosas para
expressar a indignação com as injustiças sociais que caracteriza a obra de
Castro Alves.
b) a temática a procura da morte como solução
para os problemas da existência em que se encontra em Álvares de Azevedo.
c) tratamento ao mesmo tempo irônico e lírico
a que Carlos Drummond de Andrade submete o cotidiano.
d) a presença da natureza como cenário para o
encontro do pastor com sua amada, como ocorre em Tomás Antônio Gonzaga.
e) a exploração de ecos, assonâncias,
aliterações em busca de uma sonoridade válida por si mesma, como se vê na obra
de Cruz e Sousa.
10. Leia atentamente : Sombras do vale, noites da montanha
Que minh’alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos…
Deixai a lua prantear-me a lousa!
O que dominantemente aflora nos versos acima
e caracteriza o poeta Álvares de Azevedo como ultrarromântico é:
a) a devoção pela noite e por ambientes
lúgubres e sombrios.
b) o sentimento de autodestruição e a
valorização da natureza tropical.
c) o acentuado pessimismo e a valorização da
religiosidade mística.
d) o sentimento byroniano de tom elegíaco e
humorístico-satânico.
e) o sonho adolescente e a supervalorização
da vida.
11. (ENEM) O trecho a seguir é parte do poema
“Mocidade e morte”, do poeta romântico Castro Alves:
Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma…
Nos seus beijos de fogo há tanta vida…
– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.
(ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro
Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.)
Esse poema, como o próprio título sugere,
aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na
juventude. A imagem da morte aparece na palavra
a) embalsama.
b) infinito.
c) amplidão.
d) dormir.
e) sono.
12. (FUVEST) Tomadas em conjunto, as obras de
Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves demonstram que, no Brasil, a
poesia romântica:
a) pouco deveu às literaturas estrangeiras,
consolidando de forma homogênea a inclinação sentimental e o anseio
nacionalista dos escritores da época.
b) repercutiu, com efeitos locais, diferentes
valores e tonalidades da literatura européia: a dignidade do homem natural, a
exacerbação das paixões e a crença em lutas libertárias.
c) constituiu um painel de estilos
diversificados, cada um dos poetas criando livremente sua linguagem, mas
preocupados todos com a afirmação dos ideais abolicionistas e republicanos.
d) refletiu as tendências ao intimismo e à
morbidez de alguns poetas europeus, evitando ocupar-se com temas sociais e
históricos, tidos como prosaicos.
e) cultuou sobretudo o satanismo, inspirado
no poeta inglês Byron, e a memória nostálgica das civilizações da Antiguidade
clássica, representadas por suas ruínas.
13. Considere as seguintes afirmações sobre poetas
do nosso Romantismo:
I. O caráter intimista da poesia de Álvares
de Azevedo não impediu que ele se manifestasse também na forma da sátira.
II. O tom declamatório da poesia
abolicionista de Castro Alves está intimamente ligado à sua função: conclamar o
público a assumir uma posição combativa.
III. Há, na poesia de Gonçalves Dias,
interesse em exaltar a natureza tropical e o nobre caráter dos nossos índios.
É correto o que está afirmado:
a) somente em II.
b) somente em I e II.
c) somente em I e III.
d) somente em II e III.
e) em I, II e III.
14. Leia atentamente e responda -(UM-SP)
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus…
Ó mar! por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?…
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!…
(Castro Alves)
Aponte a alternativa incorreta sobre o texto.
a) Os versos 3 e 4 constituem o objeto direto
do verbo dizer e, pela antítese, expressam o desespero do poeta.
b) O vocativo do verso 1 é retomado em toda a
estrofe, por meio de outros vocativos, no mesmo tom de protesto grandiloquente.
c) Ao lado de Deus, na sequência dos
vocativos, estão as forças grandiosas da natureza, como o mar, os astros, a
noite, as tempestades e, num desespero crescente do poeta, o tufão.
d) Este borrão, objeto direto do verbo
apagar, constitui uma metáfora de algo vergonhoso que recupera e aprofunda o
horror do verso 4.
e) No apelo desesperado do poeta, as
grandiosas forças da natureza não são personificadas, mas, sim, coisificadas
nos vocativos que as representam.
15. Leia atentamente e responda :
Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma…
Nos seus beijos de fogo há tanta vida…
– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
Nesta estrofe de “Mocidade e Morte”, de
Castro Alves, reúnem-se, como numa espécie de súmula, vários dos temas e
aspectos mais característicos de sua poesia. São eles:
a) identificação com a natureza,
condoreirismo, erotismo franco, exotismo.
b) aspiração de amor e morte, titanismo,
sensualismo, exotismo.
c) sensualismo, aspiração de absoluto,
nacionalismo, orientalismo.
d) personificação da natureza, hipérboles,
sensualismo velado, exotismo.
FIQUE EM CASA# FOCO NOS ESTUDOS!!