sexta-feira, 3 de julho de 2020

O ROMANTISMO NO BRASIL: A POESIA DE GONÇALVES DIAS E DE ÁLVARES DE AZEVEDO




ROMANTISMO NO BRASIL: A POESIA DE GONÇALVES DIAS E DE ÁLVARES DE AZEVEDO




QUESTÕES

01.Evidenciam-se a seguir alguns fragmentos extraídos do poema de Álvares de Azevedo intitulado “Lembrança de Morrer”. Assim, após uma leitura atenta, procure nele evidenciar algumas características da época romântica, sobretudo aquelas pertencentes à segunda geração, e expressá-las exemplificando por meio dos próprios versos:

LEMBRANÇA DE MORRER

No more! O never more!

SHELLEY

Quando em meu peito rebentar-se a fibra,

Que o espírito enlaça à dor vivente,

Não derramem por mim nem uma lágrima

Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura

A flor do vale que adormece ao vento:

Não quero que uma nota de alegria

Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio

Do deserto o poento caminheiro...

Como as horas de um longo pesadelo

Que se desfaz ao dobre de um sineiro...

Como o desterro de minh’alma errante,

Onde fogo insensato a consumia,

Só levo uma saudade — é desses tempos

Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade — e dessas sombras

Que eu sentia velar nas noites minhas...

E de ti, ó minha mãe! pobre coitada

Que por minhas tristezas te definhas!

02. Em relação ao Romantismo, pode-se afirmar que:

I –O poeta romântico deixa-se arrebatar pelo conflito entre o mundo imaginário e o real, expresso num sentimentalismo acentuado.

II –Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Fagundes Varela e Gonçalves de Magalhães pertencem à segunda geração romântica.

III –O ilogismo leva o autor romântico a instabilidades emocionais que são traduzidas em atitudes contraditórias: entusiasmo e depressão, alegria e tristeza.

Estão corretas as afirmativas:

a-      Apenas I e III.

b-      I, II e III.

c-      Apenas II.

d-     Apenas I e II.

e-      Apenas III.

03. Informe se  são  todas características da primeira geração do Romantismo brasileiro, exceto:

a) ( ) valorização do elemento indígena, visto como herói nacional.

b) ( ) exagero pelo subjetivismo e emocionalismo.

c) ( ) regionalismo.

d) ( ) fuga da realidade.


04. Leia atentamente e responda:

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;

Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Gonçalves Dias

De acordo com as características da primeira geração romântica e do poema de Gonçalves Dias, julgue os itens em verdadeiro ou falso:

a) ( ) O poema de Gonçalves Dias é ufanista, ou seja, expressa um orgulho exagerado pela pátria.

b) ( ) A primeira geração romântica expressa um culto à figura do índio e a exaltação da natureza.

c) ( ) A primeira fase do romantismo brasileiro foi caracterizada por uma atitude individualista ou subjetiva, quando predominou a temática pessimista.

d) ( ) O poema de Gonçalves Dias mostra uma valorização da pátria, característica da fase condoreira na qual se insere.

e) ( ) É possível notar no poema a presença da religiosidade, que é característica da primeira fase romântica.


05. O processo de formação da literatura brasileira, como adaptação da palavra culta do Ocidente, que precisou assumir novos matizes, desenvolveu-se para descrever e transfigurar a realidade nova. Do seu lado, a sociedade nascente desenvolveu sentimentos diversos e novas maneiras de ver o mundo, que resultaram em uma variante original da literatura portuguesa.

A história da literatura brasileira é, em grande parte, a história de uma imposição cultural que foi, aos poucos, gerando uma expressão literária diferente, embora em correlação estreita com os centros civilizadores da Europa.

Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira. São
Paulo: Humanitas, 1999, p. 13 (com adaptações)

Com base no trecho acima, no qual Antonio Candido expõe a lógica histórico-literária segundo a qual se desenvolveu a literatura brasileira, e na dinâmica dos períodos literários brasileiros, julgue o item a seguir. Certa ou errada?

( ) No Romantismo, o esforço em se realizar uma literatura brasileira diferente da produzida nos centros culturais europeus atingiu seu ápice, quando a ideia da cor local se tornou verdadeira obsessão dos autores e foi colocada em prática, por exemplo, nas manifestações da prosa indianista e regionalista.


06 Assinale a característica não-aplicável à poesia romântica e justifique sua resposta
a) artista goza de liberdade na metrificação e na distribuição rítmica.
b) importante é o culto da forma, a arte pela arte.
c) a poesia é primordialmente pessoal, intimista e amorosa.
d) enfatiza-se a auto-expressão, o subjetivismo, o individualismo.
e) a linguagem do poeta é a mesma do povo: simples, espontânea.

07.  Assinale a alternativa falsa:

a) Romantismo, como estilo, não é modelado pela individualidade do autor; a forma predomina sempre sobre o conteúdo.
b) Romantismo é um movimento de expressão universal, inspirado nos modelos medievais e unificado pela prevalência de características comuns a todos os escritores da época.
c) Romantismo, como estilo de época, consistiu basicamente num fenômeno estético-literário desenvolvido em oposição ao intelectualismo e à tradição racionalista e clássica do século XVIII.
d) Romantismo, ou melhor, o espírito romântico, pode ser sintetizado numa única qualidade: a imaginação. Pode-se creditar à imaginação a capacidade extraordinária dos românticos de criarem mundos imaginários.
e) Romantismo caracterizou-se por um complexo de características, como o subjetivismo, o ilogismo, o senso de mistério, o exagero, o culto da natureza e o escapismo.

8. O próprio Romantismo produziu uma literatura em desacordo com certas tônicas do movimento. Através da ironia, autores românticos revelam irreverência muitas vezes feroz.

Assinale a opção em que o autor se mantém dentro dos preceitos mais conhecidos da escola romântica, tais como a glorificação do ideal e do sublime e o desapego ao mundo material:
a) “Dos prazeres do amor as primícias,/ De meu pai entre os braços gozei;/ E de amor as extremas delícias/ Deu-me um filho, que dele gerei.” (Bernardo Guimarães)
b) “Como dormia! Que profundo sono!…/ tinha na mão o ferro do engomado…/ Como roncava maviosa e pura!…/ Quase caí na rua desmaiado!” (Álvares de Azevedo)
c) “(Damas da nobreza) – Não precisa aprendê/ Quem tem pretos p’herdá/ e escravidão p’escrevê;/ Basta tê/ Burra d’ouro e casá.” (Sousândrade)
d) “Porque Deus pôs em meu peito/ Um tesouro de harmonia:/ Deu-me a sina de seus anjos,/ Deu-me o dom da poesia.’ (Junqueira Freire)
e) “Nem há de negá-lo – não há doce lira/ Nem sangue de poeta ou alma virgem/ Que valha o talismã que no oiro vibra!” (Álvares de Azevedo)

9. (U.FORTALEZA)
“Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro.”

Os versos acima exemplificam:
a) a utilização de metáforas grandiosas para expressar a indignação com as injustiças sociais que caracteriza a obra de Castro Alves.
b) a temática a procura da morte como solução para os problemas da existência em que se encontra em Álvares de Azevedo.
c) tratamento ao mesmo tempo irônico e lírico a que Carlos Drummond de Andrade submete o cotidiano.
d) a presença da natureza como cenário para o encontro do pastor com sua amada, como ocorre em Tomás Antônio Gonzaga.
e) a exploração de ecos, assonâncias, aliterações em busca de uma sonoridade válida por si mesma, como se vê na obra de Cruz e Sousa.

10. Leia atentamente :  Sombras do vale, noites da montanha
Que minh’alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!

Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos…
Deixai a lua prantear-me a lousa!

O que dominantemente aflora nos versos acima e caracteriza o poeta Álvares de Azevedo como ultrarromântico é:
a) a devoção pela noite e por ambientes lúgubres e sombrios.
b) o sentimento de autodestruição e a valorização da natureza tropical.
c) o acentuado pessimismo e a valorização da religiosidade mística.
d) o sentimento byroniano de tom elegíaco e humorístico-satânico.
e) o sonho adolescente e a supervalorização da vida.

11. (ENEM) O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poeta romântico Castro Alves:
Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma…
Nos seus beijos de fogo há tanta vida…
– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.
(ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.)

Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra
a) embalsama.
b) infinito.
c) amplidão.
d) dormir.
e) sono.

12. (FUVEST) Tomadas em conjunto, as obras de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves demonstram que, no Brasil, a poesia romântica:
a) pouco deveu às literaturas estrangeiras, consolidando de forma homogênea a inclinação sentimental e o anseio nacionalista dos escritores da época.
b) repercutiu, com efeitos locais, diferentes valores e tonalidades da literatura européia: a dignidade do homem natural, a exacerbação das paixões e a crença em lutas libertárias.
c) constituiu um painel de estilos diversificados, cada um dos poetas criando livremente sua linguagem, mas preocupados todos com a afirmação dos ideais abolicionistas e republicanos.
d) refletiu as tendências ao intimismo e à morbidez de alguns poetas europeus, evitando ocupar-se com temas sociais e históricos, tidos como prosaicos.
e) cultuou sobretudo o satanismo, inspirado no poeta inglês Byron, e a memória nostálgica das civilizações da Antiguidade clássica, representadas por suas ruínas.


13.  Considere as seguintes afirmações sobre poetas do nosso Romantismo:
I. O caráter intimista da poesia de Álvares de Azevedo não impediu que ele se manifestasse também na forma da sátira.
II. O tom declamatório da poesia abolicionista de Castro Alves está intimamente ligado à sua função: conclamar o público a assumir uma posição combativa.
III. Há, na poesia de Gonçalves Dias, interesse em exaltar a natureza tropical e o nobre caráter dos nossos índios.

É correto o que está afirmado:
a) somente em II.
b) somente em I e II.
c) somente em I e III.
d) somente em II e III.
e) em I, II e III.

14.  Leia atentamente e responda -(UM-SP)

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus…
Ó mar! por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?…
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!…
(Castro Alves)

Aponte a alternativa incorreta sobre o texto.
a) Os versos 3 e 4 constituem o objeto direto do verbo dizer e, pela antítese, expressam o desespero do poeta.
b) O vocativo do verso 1 é retomado em toda a estrofe, por meio de outros vocativos, no mesmo tom de protesto grandiloquente.
c) Ao lado de Deus, na sequência dos vocativos, estão as forças grandiosas da natureza, como o mar, os astros, a noite, as tempestades e, num desespero crescente do poeta, o tufão.
d) Este borrão, objeto direto do verbo apagar, constitui uma metáfora de algo vergonhoso que recupera e aprofunda o horror do verso 4.
e) No apelo desesperado do poeta, as grandiosas forças da natureza não são personificadas, mas, sim, coisificadas nos vocativos que as representam.

15.  Leia atentamente e responda :

Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma…
Nos seus beijos de fogo há tanta vida…
– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.

Nesta estrofe de “Mocidade e Morte”, de Castro Alves, reúnem-se, como numa espécie de súmula, vários dos temas e aspectos mais característicos de sua poesia. São eles:
a) identificação com a natureza, condoreirismo, erotismo franco, exotismo.
b) aspiração de amor e morte, titanismo, sensualismo, exotismo.
c) sensualismo, aspiração de absoluto, nacionalismo, orientalismo.
d) personificação da natureza, hipérboles, sensualismo velado, exotismo.



    FIQUE EM CASA# FOCO NOS ESTUDOS!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário